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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Laços de famílias positivas


Intrometida, querida, distante, presente, acolhedora ou preconceituosa. Existem vários adjetivos para definir as diferentes famílias espalhadas pelo mundo. Independente de cada perfil, elas exercem uma tremenda influência na vida de todos nós. Nesta matéria você poderá refletir sobre a importância da família na vida das pessoas soropositivas e como esses laços podem ser firmados com pessoas que não são necessariamente do mesmo sangue.
Laura* foi a primeira a saber que seu irmão estava infectado pelo HIV. Vinte dias após a confirmação do diagnóstico, ele ficou internado, muito mal, por 36 dias. “Eu me senti vivendo o problema através do meu irmão. Antes, estávamos muito afastados, cada um vivendo a sua vida”. Para ela, a doença do irmão causou várias mudanças na vida de toda a família: “Os nossos pais, apesar de serem bem idosos, estão encarando tudo com muita coragem. Cada um de nós mudou muito e para melhor. Hoje me sinto mais serena. Por incrível que pareça, há aspectos positivos nessa crise. Eu estou próxima novamente do meu irmão. Todo aquele sentimento de carinho, amizade e amor ressurgiu novamente”. Laura* está buscando mais informações sobre a Aids e como conviver com o HIV. Muito realista, ela tem como meta ver o irmão recuperado, mas sabe dos desafios que tem pela frente. “Ele precisa de muitos cuidados. Estaremos sempre ao lado dele, vivendo um dia de cada vez”.
Segundo a psicóloga Eloísa Vidal Rosas, quando algumas famílias passam por um momento de crise, como, por exemplo, descobrir um diagnóstico positivo para o HIV, algumas transformações podem surgir. “Trata-se de uma situação que está naquele momento desarticulando e desestabilizando aquele grupo. O HIV não pode ser encarado como um problema individual. É uma questão para toda a família”. A psicóloga, que coordena uma equipe no Instituto de Terapia de Família do Rio de Janeiro, acredita que, quando a família se propõe a colaborar, pode se transformar num apoio precioso àquela pessoa infectada pelo HIV. Além disso, ela acrescenta que é comum, em momentos de crise, surgirem características em cada membro da família que poderão ser mais bem exploradas. “Quem tem melhor poder aquisitivo ajuda na parte financeira; quem tem mais disponibilidade de tempo pode se dedicar ao cuidado diário quando a pessoa necessita dele. A crise é o momento em que se tem que ser criativo, colocando o coração e a razão funcionando da melhor forma para tudo dar certo”.

Fonte: Ed. nº 19, revista Saber Viver

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