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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

No País, 51% desconhecem a hepatite C

A maior parte da população brasileira não tem ideia do que é a hepatite C. A doença, que atinge de 1,5 a 2 milhões de pessoas no País, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), é desconhecida por 51% da população de acordo com uma pesquisa divulgada ontem pela Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH).

O levantamento – realizado em junho pelo Instituto Datafolha e apresentado durante a abertura do 21.º Congresso de Hepatologia – foi baseado em entrevistas com 1.137 pessoas de 11 cidades brasileiras. Entre os entrevistados, somente 8% citaram as hepatites virais quando solicitados a nomear doenças graves que conheciam.

Menos lembradas do que enfermidades como câncer, AIDS, diabete e tuberculose, as hepatites são responsáveis por metade das indicações para transplante de fígado no País (40% ocasionadas pela hepatite C e 10%, pela hepatite B). O tipo C é considerado o mais preocupante, pois 80% dos casos evoluem para a fase crônica. No caso da hepatite B, menos de 10% dos casos passam a ser crônicos e, na hepatite A, quase a totalidade é curada espontaneamente.

De 2009 para 2010, houve um aumento de 4,7% das mortes por hepatites no País. Em 2010, as três hepatites provocaram 2.518 mortes de acordo com o Boletim Epidemiológico das Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Em 2009, foram 2.406 óbitos. No mundo, 1 milhão de pessoas morrem a cada ano em decorrência das hepatites.

Apesar de atingir até 2 milhões de brasileiros, uma parcela muito pequena da hepatite C é diagnosticada, de acordo com o médico Raymundo Paraná, presidente da SBH. “Nossa assistência básica não está preparada para diagnóstico precoce das hepatites virais. O diagnóstico tem que ser por rastreamento e não por sintoma.”

Segundo Paraná, a hepatite só apresenta sintomas nas fases mais avançadas. Daí a importância de os grupos que se expuseram a situações de risco (transfusão de sangue antes de 1993, relações sexuais desprotegidas ou exposição a seringas, alicates ou agulhas compartilhadas) submeterem-se aos testes para verificar a presença dos vírus.

Na fase crônica, tanto a hepatite B quanto a C têm opções de tratamento que, na maioria dos casos, impedem a progressão da doença para a cirrose ou para o câncer de fígado. Para o especialista, as hepatites virais são doenças negligenciadas no Brasil: somente em 2002 foram criadas as diretrizes terapêuticas para a doença.

Além disso, acrescenta Paraná, as informações são escassas, como demonstra o levantamento da SBH. “Há quanto tempo temos informações e campanhas na televisão, nos jornais e no rádio sobre HIV? Esforço semelhante não é feito em relação às hepatites e muitos brasileiros teriam a vida salva caso fizessem um simples teste”, diz o presidente da entidade.

Os três tipos de hepatite:

Hepatite A – É transmitida por meio de contato pessoal ou água e alimentos contaminados. Não há tratamento, os sintomas tendem a sumir naturalmente após semanas ou meses e existe vacina para combatê-la

Hepatite B – Transmissão ocorre por intermédio de relações sexuais; de mãe para filho; por meio de contato com cortes ou ferimentos de pessoas contaminadas; transfusões de sangue feitas antes de 1993; compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear e escovas de dente. Nem todos os casos precisam de tratamento, mas a evolução deve ser acompanhada. Não tem cura, mas existe vacina capaz de amenizar o vírus

Hepatite C - É o tipo mais comum da doença e sua transmissão se dá com compartilhamento de objetos cortantes, escovas de dente, transfusões de sangue e contato com cortes e ferimentos de pessoas infectadas. Transmissão por via sexual ocorre, mas raramente. Tratamento é feito à base de medicamentos. Doença tem cura, mesmo quando apresenta fases mais crônicas

Fonte: Jornal da Tarde

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Campanha de Incentivo ao Diagnóstico Precoce para HIV e Hepatites Virais

 CONVITE:

A Pastoral da AIDS, da arquidiocese de Santa Maria está organizando a CAPACITAÇÃO para a Campanha de Incentivo ao Diagnóstico Precoce para HIV e Hepatites Virais, todos que desejam se capacitar para trabalhar esta campanha e/ou atuarem em seu campo profissional ou social como multiplicadores de informação são convidados!
A capacitação será dia 08 de outubro, no Salão da Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Santa Maria. A assessoria deste dia será com o Frei Luiz Carlos Lunardi, assessor nacional da Pastoral da AIDS.
Convidamos você para participar deste importante momento de formação!
Reforçamos a importância das comunidades cristãs começarem a se preocupar com a AIDS e as Hepatites Virais, pois sabemos hoje dos altos índices de registros de pessoas com pelo menos um desses vírus.
Nossa tarefa enquanto cristãos é trabalhar com a informação e prevenção às pessoas, tendo como inspiração a imagem do Bom Pastor: "Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas" (Jo 10,11).
A preocupação do Pastor é o cuidado de cada uma das ovelhas, olhando para elas segundo aquilo que precisam: se estão bem, cuida delas para que continuem bem e até melhorem; se estão doentes, cuida delas para que se curem; se estão perdidas, vai procurá-las para integrá-las no rebanho; vela para que não lhes falte a água e o alimento que as pode saciar.
Campanha de Incentivo ao Diagnóstico Precoce para HIV e Hepatites Virais
Dia: 08 de outubro, sábado, das 8h às 17h
Onde: Salão da Igreja Nossa Senhora do Rosário - Santa Maria
Rua do Rosário, 401 - Centro
Quanto: cada um paga seu deslocamento, haverá almoço no local custeado pela arquidiocese.
Favor confirmar sua presença até dia 06 de outubro para prevermos materiais e alimentação.

Agradecemos sua atenção e disponibilidade,
Atenciosamente.
Equipe de Coordenação da Pastoral da AIDS.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O perigo das drogas permitidas


Além de prejudiciais à saúde, drogas legalmente aceitas podem interferir na ação dos anti-retrovirais




O consumo de drogas socialmente aceitas, como cigarro, álcool, remédios para dormir e para depressão, traz mais prejuízos à saúde do que o uso de substâncias consideradas "proibidas", como maconha e cocaína. A conclusão do relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstra a importância de tentar mudar hábitos aparentemente corriqueiros que podem ser perigosos, principalmente no caso de pessoas soropositivas e em terapia anti-retroviral. Razões para trocar as drogas por uma vida mais saudável não faltam. Fumar aumenta a probabilidade de acidente cardiovascular e infarto entre os portadores do HIV, sobretudo daqueles que tomam antiretrovirais, pois estes medicamentos tendem a elevar os níveis de gordura no sangue. Além disso, o cigarro é responsável por 90% dos casos de câncer no pulmão e fator agravante em outros tipos da doença. Uma pesquisa realizada na Creighton University School of Medicine, nos Estados Unidos, chama a atenção para a interação entre fumo e álcool. Segundo o estudo, a combinação aumenta as chances de contrair pneumonia, doençaque tem ocasionado a morte de muitos portadores do HIV.

Excesso de álcool deve ser evitado
As interações entre anti-retrovirais e as chamadas "drogas recreativas" preocupam Márcia Rachid, médica da assessoria de DST/Aids da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Em artigo publicado na revista "Prática Hospitalar" - em parceria com o médico Mauro Schechter -, a infectologista alerta que muitas drogas podem modificar o metabolismo dos anti-retrovirais no fígado. "O uso crônico do álcool pode reduzir as concentrações séricas de inibidores da protease e de não-análogos de nucleosídeos, possibilitando o desenvolvimento de resistência do HIV aos medicamentos", informa a médica, lembrando que o alcoolismo está relacionado a um maior risco de dano ao fígado, o que pode acelerar a hepatoxicidade dos anti-retrovirais. As pessoas que usam didanosina e abusam das bebidas alcoólicas ainda correm o risco de apresentar pancreatite (inflamação no pâncreas). O álcool também interfere na função do abacavir.
De acordo o infectologista Estevão Portela, as chances de um paciente que faz uso freqüente de álcool esquecer de tomar seus medicamentos e comprometer a eficácia do tratamento contra a aids é grande. Entretanto,o uso ocasional do álcool não causa maiores problemas. Para aqueles que, por querer beber no fim de semana, por exemplo, julgam melhor não tomar seus medicamentos, Portela aconselha: "É errado o raciocínio: já que bebi, é melhor não tomar o remédio. O importante é não exagerar, não perder o controle da situação", diz o médico. "O medicamento deve ser tomado e o uso do álcool precisa ser controlado", completa.

Cuidados com o uso de sedativos e antidepressivos
Medicamentos para dormir ou contra a depressão podem interagir com os antiretrovirais, aumentando os efeitos tóxicos ou mesmo alterando o metabolismo no fígado. Dependendo da dose utilizada, eles podem até ser fatais quando associados aos inibidores da protease, especialmente o ritonavir. Lembre-se: sedativos e antidepressivos só devem ser usados com orientação médica. SV O alcoolismo está relacionado a um maior risco de dano ao fígado, o que pode acelerar a hepatoxicidade dos anti-retrovirais.

Fonte: Revista Saber Viver, ed. nº 34

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O que são as HEPATITES VIRAIS


Saber Viver - edição especial sobre Hepatites

A hepatite é uma inflamação no fígado que pode alterar o seu funcionamento, colaborando para o aparecimento de cirrose, câncer e outras doenças. Existem várias formas de hepatite. As mais comuns são as virais que, como o próprio nome sugere, são causadas por vírus. A hepatite também pode ser provocada por agentes tóxicos, como drogas, medicação e outras substâncias químicas.
As hepatites virais são classificadas por letras do alfabeto: A, B, C, D e E.

Hepatite B: uma DST que age silenciosamente contra o fígado
O HBV, vírus que causa a hepatite B, é transmitido através de relações sexuais sem camisinha e através do contato com sangue contaminado. Na maioria das pessoas infectada pelo HBV na idade adulta, o organismo se encarrega de curar a doença em cerca de 6 meses. Quando isso não ocorre, a infecção pode se tornar crônica (que pode levar à morte do paciente), gerando ao longo de 20 anos doenças como insuficiência hepática e câncer do fígado.
Existe uma vacina contra o vírus da hepatite B disponível nos postos de saúde, gratuitamente, para alguns grupos. Soropositivos para o HIV que não estejam infectados pelo HBV podem ser indicados à vacinação. Converse com o seu médico sobre esta possibilidade.

Hepatite C: sem vacina, doença é comum entre usuários de drogas
A transmissão da hepatite C acontece através do vírus C (HCV), reconhecido cientificamente em 1989. Antes disso, a doença se chamava hepatite não A - não B.
Ela é transmitida através do contato com sangue contaminado. Apesar de a transmissão sexual não ser considerada significativa, existem formas de contrair o HCV fazendo sexo sem camisinha, por causa dos sangramentos que podem ocorrer, principalmente no sexo anal.
Segundo o Programa Nacional de Hepatites Virais do Ministério da Saúde, pessoas que tenham outras doenças de transmissão sexual, como o HIV, têm um risco maior de adquirir ou transmitir o vírus C.
Estudos identificaram o HCV no sangue menstrual de mulheres infectadas e nas secreções vaginais. Entretanto, no esperma, o HCV foi encontrado em concentrações muito baixas, o que pode dificultar a sua transmissão.
Cerca de 80% das pessoas que se infectam com o vírus da hepatite C não conseguem se curar da doença espontaneamente, como ocorre com a hepatite B. Essas pessoas desenvolvem inflação no fígado constantemente, o que pode levar – em um período médio de 20 anos – a cirrose, insuficiência hepática e câncer do fígado. Como na maioria dos casos a doença não gera sintomas, quanto mais cedo o diagnóstico, melhor.
Dependendo da carga viral e do tipo do vírus C, o tratamento pode durar cerca de um ano. A chance de cura varia de 50% a 80%, dependendo de cada caso.
Ao contrário da hepatite B, não há uma vacina capaz de prevenir a hepatite C.

Hepatites B e C: Um grave problema de saúde pública
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 400 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas pelo vírus da hepatite B e 170 milhões, pelo vírus C. No Brasil, o Ministério da Saúde acredita que cerca de 14 milhões de pessoas já tiveram contato com vírus da hepatite B.
Atualmente, no país, a hepatite C é a principal causa de doença crônica do fígado e a mais freqüente indicação de transplante hepático.

Sintomas mais comuns das hepatites B e C
Na maioria dos casos, as pessoas infectadas não apresentam sintomas. Em casos agudos, os sintomas são enjôo, dor de cabeça, febre baixa, vômitos e aversão a alguns alimentos, falta de apetite, corpo ruim (como gripe), fadiga, olhos amarelados (amarelão ou icterícia), urina escura, fezes brancas e aumento do fígado e do baço.

Vírus da hepatite B é muito mais resistente do que o HIV
O vírus da hepatite B (HBV) é muito resistente. Ele pode sobreviver no
ambiente por cerca de 7 dias. Ele resiste durante 10 horas a 60º C, durante 5 minutos a 100º C, ao éter e ao álcool a 90% e pode permanecer vivo após vários anos de congelamento.
Até hoje, não foi definido o tempo de resistência do vírus C no ambiente.
Sabe-se apenas que ele é mais frágil que o vírus B e mais resistente que o HIV.


Fígado: Um laboratório natural do organismo
O fígado atua como um grande filtro no organismo. Além de promover a digestão dos alimentos e das gorduras através da bile, ele processa as reservas de ferro, vitaminas e minerais no corpo, desintoxica o organismo de substâncias químicas, drogas e bebidas alcoólicas. No fígado, o corpo armazena energia para o seu funcionamento. As hepatites causam uma inflação no fígado, alterando suas funções e, por conseqüência, provocando diversos danos ao organismo.

Hepatite A:
Causada pelo vírus A (HAV), esta doença é transmitida através do contato com humano infectado ou por água e alimentos contaminados (transmissão fecal-oral).
A maioria das pessoas consegue eliminar naturalmente o vírus A. Apesar de existir vacina (não disponível no serviço público de saúde), as melhores formas de prevenção da doença são saneamento básico (tratamento de esgoto e água) e higiene no preparo de alimentos.
Hepatite D (delta):
Causada pelo vírus D que, para se manifestar, necessita da presença do vírus da hepatite B (HBV). Suas formas de transmissão, prevenção e tratamento são parecidos com os da hepatite B.
Hepatite E:
Causada pelo vírus E (HEV), está relacionada a condições de saneamento básico, como a hepatite A.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cientistas descobrem forma de "desarmar" vírus da Aids

Cientistas afirmam que encontraram uma maneira de fazer com que o sistema imunológico combata o vírus HIV, da Aids, de forma mais eficaz. A nova técnica, desenvolvida conjuntamente por pesquisadores norte-americanos e europeus, torna o HIV incapaz de provocar danos no sistema de defesa com a remoção do colesterol presente na membrana que circula o vírus.

Quando a pessoa é infectada pelo HIV, normalmente a defesa natural do corpo é ativada. Mas alguns cientistas acreditam que o HIV origina também uma super-reação das células chamadas pDC (sigla em inglês de células dendríticas plasmocitóides), responsáveis pelo reconhecimento do vírus e a produção de moléculas interferons, que ativam a defesa imunológica.

Esse esforço redobrado para combater o vírus tornaria o mecanismo de proteção enfraquecido.

Adriano Boasso, do Imperial College London, que coordenou o trabalho, contou que o vírus não pôde mais ativar as células pDC quando o colesterol foi removido. Dessa forma, o corpo estaria livre para atacar o vírus de forma mais eficiente sem que fosse sobrecarregado.

Três outras universidades participam do estudo --de Milão, Johns Hopkins e Innsbruck--, e os pesquisadores creem que a descoberta possa levar ao desenvolvimento de uma vacina contra a doença, que causa a morte de 1,8 milhão de pessoas no mundo todo anualmente.

O artigo sobre a decoberta foi publicada na segunda-feira (19) na revista "Blood".

Fonte: Folha Online

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Direitos... direitos...

Após mais de vinte anos do início da epidemia de aids, a questão dos direitos das pessoas que vivem com HIV/aids ainda é pouco esclarecida. Inúmeras situações relatadas por essas pessoas questionam a existência de vários direitos, como, por exemplo, isenção de taxas em universidade, bolsas de estudo, isenção de impostos, como IPVA, IPI, IPTU, entre outros, e estabilidade no emprego. Para analisar essa questão, é importante verificar a causa de eventuais direitos.
A diversidade do ser humano, em seus vários aspectos e em suas características diferenciadoras (social, etária, étnica, financeira, sorológica etc.), demonstra que algumas dessas características são, às vezes, decorrentes de uma deficiência própria daquele grupo.
Um dos princípios que regem nossa sociedade é o da igualdade. Todos são iguais perante a lei, determina nossa Constituição Federal; porém, como tornar realidade este princípio em uma sociedade composta por indivíduos tão desiguais entre si, em suas várias características?
Lembremos que igualdade é tratar desigualmente as pessoas desiguais, na medida de sua desigualdade.
Tomemos como exemplo as pessoas pertencentes à terceira idade. Por serem mais frágeis, por não terem tanta resistência física e não poderem ficar muito tempo esperando para serem atendidas, têm prioridade no atendimento. A desigualdade (menor resistência física) é compensada pelo atendimento prioritário.
O mesmo raciocínio deve ser utilizado para as pessoas que vivem com HIV/aids. Nessa situação, a deficiência localizase na imunidade do indivíduo, apesar de nem todo portador do HIV apresentar essa deficiência imunológica decorrente da infecção. A desigualdade, nesse caso, apresenta-se quando seu sistema imunológico se torna impotente para combater os agentes externos que afetam sua saúde, debilitando-a. E é nessa situação que a característica diferenciadora daquela pessoa (deficiência imunológica) se torna importante, causando uma desigualdade que deve ser reequilibrada pela lei, concedendo-lhe os direitos pertinentes em razão daquela condição que a tornou desigual.
Portanto, ao questionarmos se uma pessoa que vive com HIV/aids tem ou não determinado direito, devemos verificar se tal direito tem relação com sua deficiência imunológica, ainda que de forma indireta, evitando conclusões desvinculadas da própria realidade, específica e restrita às conseqüências da deficiência imunológica decorrente da soropositividade.



Marcelo Brito Guimarães
Advogado em São Paulo, é consultor jurídico em HIV/aids.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Brasil testa comprimido três em um para a Aids

Muito utilizados no tratamento contra a Aids, porém em comprimidos diferentes, os fármacos zidovudina (AZT), lamivudina (3TC) e efavirenz (EFV) podem ser reunidos em uma única unidade, reduzindo-se de três para duas vezes diárias a necessidade de ingestão desses remédios, facilitando a adesão dos pacientes ao tratamento e reduzindo os custos de produção.

O trabalho é do Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos (LTM), divulgado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Os comprimidos já vêm sendo produzidos na capital, depois de quatro anos de pesquisa, sob a coordenação do professor Pedro Rolim, diretor do LTM da UFPE. 

De acordo com os estudos, as propriedades dos medicamentos estão mantidas e não houve nenhuma incompatibilidade entre as três drogas, que integram o coquetel antirretroviral distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. No momento, novos testes são realizados, com o objetivo de testar o prazo de validade do comprimido. O estudo mobilizou uma equipe de seis pessoas e integra a dissertação de mestrado do farmacêutico Danilo Augusto Ferreira Fontes, que foi defendida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFPE. 

As pesquisas consumiram mais de R$ 1,2 milhão, provenientes do Ministério da Ciência e Tecnologia, via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).O trabalho foi desenvolvido em parceria com o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco. O Lafepe já fornece nove medicamentos contra a aids ao Ministério da Saúde, inclusive o AZT e o 3TC. E no momento vem se preparando para produzir, também, o EFV.

Em 2011, no entanto, apenas cinco dessas drogas foram solicitadas pelo governo federal. “Estamos prontos para fabricarmos o comprimido, cumpridas todas as etapas exigidas no processo de industrialização e demonstrado o interesse do Ministério da Saúde”, afirmou ontem o diretor-técnico do Lafepe, Leduar Guedes. “Para nós, o comprimido é de grande importância, por reduzir os custos da produção e facilitar o tratamento por parte dos pacientes.”

Os três insumos agora reunidos em um mesmo comprimido fazem parte da chamada terapia antirretroviral de alta atividade e normalmente são muito solicitados no início do tratamento da doença. Danilo Fontes acredita que a nova apresentação dos remédios poderá diminuir os custos do Ministério da Saúde com o tratamento de pacientes portadores do HIV, devido à redução nas etapas de produção e distribuição (matéria-prima, embalagem, estoque e transporte). 

Tão logo sejam concluídos os estudos sobre o prazo de validade do comprimido, a UFPE vai repassar a tecnologia para um laboratório estatal - provavelmente o próprio Lafepe - e aguardar o sinal verde do Ministério da Saúde e da Anvisa para produção em larga escala. No Brasil, cerca de 200 mil portadores do HIV realizam tratamento pelo SUS, o que representa uma despesa superior a R$ 1 bilhão.

Fonte: O Globo

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aids e idosos





Na sociedade ocidental, existem muitos mitos em relação ao envelhecimento.
Pessoas mais velhas geralmente são vistas como improdutivas e assexuadas, tabus que aos poucos vão caindo por terra. Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, em 2002, revelou que 39% das pessoas acima de 60 anos – fase em que se inicia a terceira idade, segundo a Organização Mundial de Saúde – são sexualmente ativas. Paralelo a isso, a cada ano cresce o número de soropositivos nesta faixa etária. A médica Valéria Ribeiro Filho, do Departamento de Doenças Infecto Contagiosas e Parasitárias do Hospital Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que o prolongamento da atividade sexual seja o fator determinante para a evolução da epidemia na terceira idade. Entretanto, ela acha que ainda é cedo para associar o aumento de casos de aids entre esse grupo à utilização de drogas para disfunção erétil: “a partir dos quarentas anos já se percebe o interesse cada vez maior por esses medicamentos. Entretanto, não existem dados concretos que reforcem a teoria que o aumento dos casos de aids nesta faixa etária está relacionado a essas drogas. Como a notificação demora a ser feita, só daqui a alguns anos poderemos fazer essa avaliação”. A psicóloga Marlene Zornetta, também do hospital da UFRJ, acrescenta outro aspecto importante: “Pessoas com mais de 60 anos não foram criadas com a cultura do uso da camisinha. Normal para jovens de vinte e poucos anos, o preservativo não faz parte da rotina das pessoas mais velhas”.

Número de mulheres infectadas com mais de 50 anos sobe 396%
Apesar do número de casos confirmados de aids, entre 1993 a 2003, ter subido 130% entre os homens e 396% entre as mulheres com mais de 50 anos, até hoje não foram criadas campanhas publicitárias específicas para esse público. Na Câmara de Deputados em Brasília, está em tramitação um Projeto de Lei, do deputado Carlos Nader (PL-RJ), propondo uma campanha permanente e obrigatória de prevenção à aids para pessoas da
terceira idade, circulando, no mínimo, duas vezes por ano na mídia impressa e eletrônica, incluindo sites na internet. A proposta sugere que as mensagens publicitárias tenham como enfoque a prevenção, como o uso de preservativos.

Doenças podem se agravar com o uso dos anti-retrovirais
Embora os procedimentos para o tratamento de pessoas vivendo com aids com mais de 60 anos sejam os mesmos previstos no Consenso Brasileiro do Ministério da Saúde para adultos, percebe-se que algumas doenças comuns à Terceira Idade podem se tornar mais graves com o uso freqüente dos anti-retrovirais. A médica Valéria Ribeiro Filho explica que há uma tendência de maior fragilidade do sistema imunológico nesta faixa etária. Segundo ela, “são pessoas mais sujeitas a pneumonias e gripes, tanto que tomam vacinas para se prevenir. Doenças como a osteoporose, por exemplo, costumam se intensificar com o uso de anti-retrovirais, o que torna necessário um reforço de cálcio para esses pacientes”. No caso das mulheres, observase que a menopausa é mais precoce, mas a médica do hospital da UFRJ ressalta que faltam pesquisas para confirmar cientificamente essa hipótese.
A psicóloga Marlene Zornetta, que está estudando o comportamento de pacientes da Terceira Idade infectados pelo HIV, observa que essas pessoas, em alguns momentos, apresentam características semelhantes aos adolescentes: “Eles são preconceituosos e temerosos em revelar sua condição de soropositivos para o HIV, dificultando o trabalho psicológico em grupo”. Quanto à adesão ao tratamento, tanto Marlene quanto Valéria afirmam que a disciplina com os anti-retrovirais é uma característica pessoal e não varia conforme a faixa etária: “A adesão ao tratamento está relacionada a diversos fatores individuais, e não à faixa etária. Essa atitude positiva ao tratamento é uma decisão de cada paciente”, destaca a psicóloga. SV


Grupo de apoio ajuda a transformar a vida
No Rio Grande do Sul, Judite Lopes Xavier, de 60 anos, trabalhava em uma creche como cozinheira quando descobriu ser soropositiva. Casada quatro vezes, Judite tem oito filhos e vários netos. “Quando minha filha mais nova soube que eu vivia com HIV, entrou em pânico. Eu consegui acalmá-la, explicando que iria viver a partir dali da melhor maneira possível”. Assim, Judite obteve total apoio familiar. Com a saúde estabilizada, ela entrou para um grupo de apoio, o Com Vida. “Quando entrei no grupo, me senti ainda mais apoiada. Hoje, consegui me transformar em outra pessoa”, afirma com orgulho.

Receio de expor a família

Teresa*, 61 anos, sabe que tem o vírus há sete anos e nunca contou para as filhas. Ela trabalha como empregada doméstica e seu patrão também é soropositivo. Teresa foi quem aconselhou o rapaz a fazer o teste e cuidou dele depois que veio o diagnóstico positivo. Contudo, nunca contou para ele que também é soropositiva. No corredor do Hospital da UFRJ, histórias como a de Teresa se repetem. Ana* está perto dos sessenta e apenas seus filhos conhecem seu diagnóstico: “tenho medo do preconceito, de ser apontada na rua”, revela. Sentado ao seu lado, um homem bem humorado de 67 anos diz que os seus seis filhos sempre o apoiaram. Entretanto, José* não pretende contar a mais ninguém porque também não quer expor a sua família a algum tipo de discriminação. Evangélico e aposentado, hoje ele se dedica a inúmeros trabalhos comunitários: “a aids fez com que eu pensasse um pouco mais em mim. Passei a viver mais intensamente”. Em vários serviços de saúde do Brasil é possível encontrar pessoas como Judite, Teresa*, José* e Ana*. Suas histórias mostram que a epidemia de aids é uma realidade entre esta faixa etária. Só não vê quem não quer.

Fonte: Saber Viver nº 35

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Previdência Social abre consulta pública sobre diretrizes para a perícia médica em pessoas com HIV, Aids e outras doenças infectocontagiosas

Até o dia 30 de setembro a população pode participar de uma consulta pública da Previdência Social sobre as diretrizes utilizadas por médicos peritos na concessão de benefícios por incapacidade para pessoas com doenças infectocontagiosas. A coleta de opinião é relativa a requerimentos de pessoas com HIV/aids, tuberculose e hanseníase. A atuação de médicos peritos e os critérios utilizados pelo governo vêm sendo alvo de críticas de ativistas que atuam no combate à Aids. 

No documento oficial em que consta uma sistematização de possíveis conclusões dos médicos em relação a requerimentos de pessoas com HIV/Aids, os critérios são divididos entre principais e relevantes. 

Entre os elementos que mais pesam na decisão, constam a evolução da doença; a presença de sintomas decorrentes da Aids e dos efeitos colaterais dos remédios; questões psicossociais e o número de células CD4, que indicam a capacidade de imunidade do organismo. Já entre os fatores relevantes estão exames complementares, como o que indica a quantidade viral; além de fatores “psicossociais adicionais e potencialmente agravantes para o quadro”.

As avaliações podem ter como conclusão ausência de incapacidade laboral; afastamento por 30, 60 ou 90 dias; reabilitação profissional; afastamento por 2 anos com revisão após esse prazo; e aposentadoria por invalidez, sem limite definido. 

Para participar, os interessados devem encaminhar ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Pode ser via carta, pelo endereço Setor de Autarquias Sul, Quadra 2, Bloco O, 7º andar, Sala 712, Brasília-DF, CEP 70070-946; pelo fax número (61) 3313-4321 ou o e-maildiretrizes.medicas@previdencia.gov.br, com a indicação "Sugestões Diretrizes de Apoio à Decisão Médico-Pericial em Clínica Médica – Parte II.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Projeto pune gestante que não tratar doença prejudicial ao feto

A Câmara analisa o Projeto de Lei 1019/11, do deputado Mandetta (DEM-MS), que torna crime a conduta de gestante e de seu parceiro que se recusarem a tratar doença que possa causar dano permanente ao feto ou sua morte. Pela proposta, os infratores ficarão sujeitos a detenção de um a três anos.

“Problemas como o HIV e a sífilis, se não tratados durante a gestação, trarão danos permanentes ao nascituro”, afirma o deputado.

Ele lembra que, em casos como a sífilis, não adianta a gestante realizar o tratamento médico se o seu parceiro sexual não faz o mesmo. “O risco de contaminação da mulher pela relação sexual é altíssimo, o que implica a elevada possibilidade de danos permanentes ao nascituro.”

Mandetta argumenta que é necessário proteger o feto e a futura criança. “Embora toda pessoa tenha direito fundamental à liberdade, este direito pode ser restrito em determinadas situações ou limitado pelo direito dos outros”, afirma.

Tramitação
O projeto será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania antes de ser votado em Plenário.

Íntegra da proposta:
PL-1019/2011
http://www.camara.gov.br/proposicoesW ... tacao?idProposicao=498221 

Fonte: Agência Câmara de Notícias

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

HEPATITES B e C: Fique de OLHO nelas



Pessoas infectadas pelo HIV devem redobrar o
cuidado contra o HBV e o HCV



Se as hepatites virais, principalmente a B e a C, são consideradas um grave problema de saúde, elas podem se tornar mais agressivas se a pessoa já estiver contaminada pelo HIV. Mas, descobrindo os mais cedo possível, os problemas poderão ser evitados.

HIV e hepatites B e C: formas de contágio parecidas
A relação do HIV com o vírus da hepatite B (HBV) e o da hepatite C (HCV) é bastante comum no mundo. Isso acontece porque essas hepatites e o HIV possuem formas semelhantes de contágio. O HIV é transmitido pelo sêmen, fluídos vaginais, leite materno (se a mãe estiver infectada) ou através da entrada do sangue infectado na corrente sanguínea. Com exceção do leite materno, estas também são as formas de transmissão do vírus da hepatite B.
Na hepatite C, a forma mais eficaz de contágio é através do sangue contaminado, assim como o HIV. É mais difícil o HCV ser transmitido através de relações sexuais sem preservativo, mas isso pode acontecer. Essas semelhanças tornam as pessoas infectadas pelo HIV um alvo fácil das hepatites virais B e C. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 10% das pessoas infectadas pelo HIV estejam também infectadas pelo HBV. A co-infecção com o vírus da hepatite C pode chegar a 36% das pessoas com HIV.
Em alguns países da Europa e os Estados Unidos, problemas hepáticos já representam a maior causa de internação de pessoas vivendo com HIV/aids.

HIV e Hepatite B
Segundo o hepatologista João Eduardo Pereira, professor de gastroenterologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (BA), existem algumas situações que tornam uma pessoa mais vulnerável ao vírus da hepatite B: carga viral a que ele é exposto, idade avançada e ser do sexo feminino. Mas o médico, que é consultor do Programa Nacional de Hepatites Virais do Minsitério da Saúde, afirma que quando uma pessoa tem o HIV e o vírus da hepatite B, o risco de ficar doente aumenta bastante. “Estudos científicos já comprovaram que a velocidade de desenvolvimento da hepatite é mais rápida em uma pessoa com HIV do que em uma pessoa que esteja apenas com o HBV. A hepatite se torna também mais grave, podendo gerar doenças como cirrose e câncer de fígado no período médio de cinco anos. Em pessoas só com HBV, isso pode demorar até 20 anos”, explica. João Eduardo ressalta também que a maioria dos remédios utilizados contra a aids pode sobrecarregar o fígado. “Quando este paciente já tem o fígado lesado pela hepatite B, a intolerância aos medicamentos contra a aids aumenta. Este fator significa um risco muito grande para o sucesso do tratamento tanto do HIV quanto da própria hepatite”.

HIV e HCV juntos podem trazer sérios riscos à saúde
Assim como a co-infecção HIV/HBV, a presença do HIV junto com o HCV no organismo acelera a progressão da hepatite C, tornando a pessoa mais vulnerável ao aparecimento de doenças hepáticas graves.
Nesses casos, há uma tendência maior à fibrose do fígado (o que impede o seu funcionamento). “A hepatite C em uma pessoa com HIV evolui para a fase crônica num tempo menor e é mais perigosa”, resume o hepatologista João Eduardo Pereira, para explicar o quanto a presença do HIV pode tornar a hepatite mais grave. O professor da Universidade Estadual de Feira de Santana alerta também que a resposta ao tratamento da hepatite C é mais difícil em pessoas com HIV porque o organismo precisa do sistema imunológico forte para que o interferon (um dos medicamentos usados contra o HCV) faça efeito. “O tratamento fica mais difícil e cheio de reações a outros medicamentos”, complementa o hepatologista bahiano.
Os usuários de drogas injetáveis, infectados pelo HIV, têm de 75% a 90% de chances de ter contraído também o vírus da hepatite C. Soropositivos para o HIV que são hemofílicos, ou que tenham recebido transfusão de sangue antes de 1992 (quando foi iniciado o controle dos bancos de sangue no país), possuem de 60% a 85% de chance de ter-se infectado pelo HCV. Apenas o fato de a pessoa ter o HIV já aumenta em 40% as chances de uma infecção pelo HCV.

Hepatite B pode ser transmitida durante a gravidez e partoO risco de transmissão do vírus da hepatite B de mãe para o recém-nascido varia de 20% a 90%. O risco aumenta se a mãe estiver com carga viral alta para o HBV e também tiver o HIV. O uso de imunoglobulina e a vacinação logo nas primeiras 12 horas de vida do bebê podem oferecer 90% de proteção à criança.
A transmissão vertical (de mãe para filho durante a gravidez e parto) da hepatite C é mais rara: cerca de 5%. Porém, se a mãe tiver o HIV, esse risco sobe para 20%. Nesses casos, não existem alternativas para proteger o bebê da transmissão do HCV.

ALEITAMENTO: É proibido se a mãe estiver infectada pelo HIV, porque o vírus da aids também é transmitido através do leite materno.