Pages

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O perigo das drogas permitidas


Além de prejudiciais à saúde, drogas legalmente aceitas podem interferir na ação dos anti-retrovirais




O consumo de drogas socialmente aceitas, como cigarro, álcool, remédios para dormir e para depressão, traz mais prejuízos à saúde do que o uso de substâncias consideradas "proibidas", como maconha e cocaína. A conclusão do relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstra a importância de tentar mudar hábitos aparentemente corriqueiros que podem ser perigosos, principalmente no caso de pessoas soropositivas e em terapia anti-retroviral. Razões para trocar as drogas por uma vida mais saudável não faltam. Fumar aumenta a probabilidade de acidente cardiovascular e infarto entre os portadores do HIV, sobretudo daqueles que tomam antiretrovirais, pois estes medicamentos tendem a elevar os níveis de gordura no sangue. Além disso, o cigarro é responsável por 90% dos casos de câncer no pulmão e fator agravante em outros tipos da doença. Uma pesquisa realizada na Creighton University School of Medicine, nos Estados Unidos, chama a atenção para a interação entre fumo e álcool. Segundo o estudo, a combinação aumenta as chances de contrair pneumonia, doençaque tem ocasionado a morte de muitos portadores do HIV.

Excesso de álcool deve ser evitado
As interações entre anti-retrovirais e as chamadas "drogas recreativas" preocupam Márcia Rachid, médica da assessoria de DST/Aids da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Em artigo publicado na revista "Prática Hospitalar" - em parceria com o médico Mauro Schechter -, a infectologista alerta que muitas drogas podem modificar o metabolismo dos anti-retrovirais no fígado. "O uso crônico do álcool pode reduzir as concentrações séricas de inibidores da protease e de não-análogos de nucleosídeos, possibilitando o desenvolvimento de resistência do HIV aos medicamentos", informa a médica, lembrando que o alcoolismo está relacionado a um maior risco de dano ao fígado, o que pode acelerar a hepatoxicidade dos anti-retrovirais. As pessoas que usam didanosina e abusam das bebidas alcoólicas ainda correm o risco de apresentar pancreatite (inflamação no pâncreas). O álcool também interfere na função do abacavir.
De acordo o infectologista Estevão Portela, as chances de um paciente que faz uso freqüente de álcool esquecer de tomar seus medicamentos e comprometer a eficácia do tratamento contra a aids é grande. Entretanto,o uso ocasional do álcool não causa maiores problemas. Para aqueles que, por querer beber no fim de semana, por exemplo, julgam melhor não tomar seus medicamentos, Portela aconselha: "É errado o raciocínio: já que bebi, é melhor não tomar o remédio. O importante é não exagerar, não perder o controle da situação", diz o médico. "O medicamento deve ser tomado e o uso do álcool precisa ser controlado", completa.

Cuidados com o uso de sedativos e antidepressivos
Medicamentos para dormir ou contra a depressão podem interagir com os antiretrovirais, aumentando os efeitos tóxicos ou mesmo alterando o metabolismo no fígado. Dependendo da dose utilizada, eles podem até ser fatais quando associados aos inibidores da protease, especialmente o ritonavir. Lembre-se: sedativos e antidepressivos só devem ser usados com orientação médica. SV O alcoolismo está relacionado a um maior risco de dano ao fígado, o que pode acelerar a hepatoxicidade dos anti-retrovirais.

Fonte: Revista Saber Viver, ed. nº 34

Nenhum comentário:

Postar um comentário