Muito utilizados no tratamento contra a Aids, porém em comprimidos diferentes, os fármacos zidovudina (AZT), lamivudina (3TC) e efavirenz (EFV) podem ser reunidos em uma única unidade, reduzindo-se de três para duas vezes diárias a necessidade de ingestão desses remédios, facilitando a adesão dos pacientes ao tratamento e reduzindo os custos de produção.
O trabalho é do Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos (LTM), divulgado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Os comprimidos já vêm sendo produzidos na capital, depois de quatro anos de pesquisa, sob a coordenação do professor Pedro Rolim, diretor do LTM da UFPE.
De acordo com os estudos, as propriedades dos medicamentos estão mantidas e não houve nenhuma incompatibilidade entre as três drogas, que integram o coquetel antirretroviral distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. No momento, novos testes são realizados, com o objetivo de testar o prazo de validade do comprimido. O estudo mobilizou uma equipe de seis pessoas e integra a dissertação de mestrado do farmacêutico Danilo Augusto Ferreira Fontes, que foi defendida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFPE.
As pesquisas consumiram mais de R$ 1,2 milhão, provenientes do Ministério da Ciência e Tecnologia, via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).O trabalho foi desenvolvido em parceria com o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco. O Lafepe já fornece nove medicamentos contra a aids ao Ministério da Saúde, inclusive o AZT e o 3TC. E no momento vem se preparando para produzir, também, o EFV.
Em 2011, no entanto, apenas cinco dessas drogas foram solicitadas pelo governo federal. “Estamos prontos para fabricarmos o comprimido, cumpridas todas as etapas exigidas no processo de industrialização e demonstrado o interesse do Ministério da Saúde”, afirmou ontem o diretor-técnico do Lafepe, Leduar Guedes. “Para nós, o comprimido é de grande importância, por reduzir os custos da produção e facilitar o tratamento por parte dos pacientes.”
Os três insumos agora reunidos em um mesmo comprimido fazem parte da chamada terapia antirretroviral de alta atividade e normalmente são muito solicitados no início do tratamento da doença. Danilo Fontes acredita que a nova apresentação dos remédios poderá diminuir os custos do Ministério da Saúde com o tratamento de pacientes portadores do HIV, devido à redução nas etapas de produção e distribuição (matéria-prima, embalagem, estoque e transporte).
Tão logo sejam concluídos os estudos sobre o prazo de validade do comprimido, a UFPE vai repassar a tecnologia para um laboratório estatal - provavelmente o próprio Lafepe - e aguardar o sinal verde do Ministério da Saúde e da Anvisa para produção em larga escala. No Brasil, cerca de 200 mil portadores do HIV realizam tratamento pelo SUS, o que representa uma despesa superior a R$ 1 bilhão.
Fonte: O Globo
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